"Lido Quero dizer-te, amor, o mais recente livro de poesia de José Braga-Amaral, ocorre-nos que raramente se tem lido na nossa literatura uma tão veemente e intensa profissão de fé num amor perdido ou ausente ? embora reencontrado e presente pela memória das horas ácidas da sua vigência. Comoventes e violentos, estes versos são uma versão enraivecida pela dor da suave cantiga de João Roiz Castelo Branco, que começa: "Senhora, partem tão tristes/ Meus olhos por vós, meu bem". Tem a mesma força magoada e persuasiva, embora transfigurada e ampliada pela incapacidade do poeta de aceitar o apartamento. Amor, amor, amor ? eis o Leitmotiv do livro. Neste livro, tanto se celebra o amor físico, que nos queima por fora, como o amor espiritual, que nos queima por dentro. Às vezes o poeta parece libertar-se da obsessão e sai do seu mundo interior, devastado pela ausência do amor. Divaga então pelo mundo que o cerca, mas acaba por regressar sempre, vencido, ao lugar do amor ou usar esse mundo exterior como metáfora do amor nos seus vários momentos: sedução, consumação, êxtase." A. M. Pires Cabral