«Entre a Idade Média tardia e os alvores da Modernidade encontramos o embate mais frontal que o Ocidente conheceu entre duas ordens irredutíveis de legitimação do poder político: a doutrina do poder absoluto do papa (plenitudo postestatis papalis) e a recusa intransigente desse poder em nome de uma nova ordem jurídica e política. O confronto entre a hierocracia pontifical e os defensores da separação de poderes foi meridiano e do progressivo triunfo da razão natural e da liberdade resultou aquilo que hoje continuamos a chamar autonomia da política. [à] A ideia mestra que presidiu à organização desta obra, e outrossim ao evento que antes a possibilitou, foi justamente a de pensar a política numa época de transição e de emergência de uma nova consciência, mais concretamente no período que está entre a Idade Média e a Modernidade, época que alguns chamam "Idade Média tardia", "Outono da Idade Média", outros de pré-renascentista, protomoderna, etc.» [José Maria Silva Rosa, «Introdução»].