Em Salpicos de Vida, José Pacheco de Andrade faz regressar aos olhos e ouvidos do leitor um modo quase trovadoresco de cantar o amor, misturando cores como a singeleza e a musicalidade do canto com o tom angélico e platónico com que o eu poético ora se dirige à pessoa amada ora se observa a si no meio de um certo desconcerto do mundo, esse desconcerto tão docemente cantado pelos poetas medievais e quinhentistas. Em Salpicos de Vida, buscam-se novamente a perfeição da forma, a harmonia da sonoridade, o verso contido e curto, o sentido profundo da alma humana, sem, contudo, perder de vista o arrojo da poética moderna.