O presente livro reúne quatro ensaios de análise histórica, numa perspectiva sócio-política, sobre o período que antecede imediatamente a entrada oficial de Portugal na Grande Guerra. A partir da eclosão do conflito armado na Europa em Agosto de 1914, as autoridades portuguesas colocaram-se numa situação diplomática ambígua, não assumindo uma posição de beligerância perante a Alemanha mas também não se declarando como país neutral, esperando que fosse a Inglaterra a solicitar expressamente a nossa intervenção, nos termos dos velhos tratados de aliança entre as duas nações. Entretanto, desenvolveram-se desde logo operações de guerra nos territórios alemães do Sudoeste Africano e do Tanganica, fronteiriços a Angola e a Moçambique, entre tropas coloniais germânicas e do Império Britânico, bem como no oceano Atlântico norte, obrigando as forças portuguesas de mar e terra a reforços de vigilância e preparação para fazer respeitar a soberania nacional e os seus interesses mais imediatos. São estas "frentes de guerra" - ainda não declarada, mas já motivo de diversos incidentes e perdas humanas - que aqui são apresentadas criticamente em três ensaios distintos, antecedidos de um outro texto onde se analisam as controvérsias e conflitos internos entre forças sociais e políticas acerca da eventual participação portuguesa, no período que antecede a declaração de guerra de Março de 1916.