O volume que ora [se] apresenta (Poesias IV), intitulado Tempo irreversível, consagra em título uma inquietação que tem sido central na (à) poesia recente [de Adelino Torres]. Desde a primeira colectânea, Uma fresta no tempo seguida de ironias (2008), até à presente, a irreversibilidade do tempo, que o mesmo será dizer, o envelhecimento e a proximidade da morte, têm sido temas constantes da sua poesia, a condizer com a chegada à condição de "velho- jovem", designação constante do poema "Tempo e metáfora", inserto na presente colectânea. Releva, deste modo, uma fase da vida propícia à reflexão sobre o que se fez no passado e o que se poderá ainda construir no futuro, um tempo que, pelas circunstâncias biológicas, será sempre mais curto e, por isso mesmo, mais exigente. (à) Na presente colectânea revê temas como o do economicismo, do racionalismo levado ao extremo, do racismo, da injustiça social, assim como das expectativas goradas em relação ao nacionalismo africano e ao comportamento das elites políticas do continente.************José Carlos Venâncio (do Prefácio)