Este livro inspira-se na obra de Marc Bloch, talvez o maior historiador do século XX.,«Papá, explica?me para que serve a história?» - com esta simples pergunta, Bloch abria um dos mais belos livros de história de todos os tempos, "Apologie pour l´Histoire ou Métier d´Historien" (1949). Colocada com a ingenuidade dramática de uma criança, a questão merece uma série de respostas subtis, que também Diogo Ramada Curto procura fornecer: a curiosidade por todo o tipo de actividades humanas;a vontade de conhecer a sociedade no seu todo e nos seus tempos múltiplos;sobretudo, o desejo de compreender a vida real, no seu quotidiano e nas suas práticas mais repetitivas, por oposição a uma concepção morta do passado, enterrado em museus, monumentos e manuais. Mais importante ainda, o estudo da história faz parte das necessidades de formação de cidadãos politicamente conscientes, capazes de se baterem pelos seus ideais democráticos. Afinal de contas, como salientava Bloch, o regime nazi pôs a descoberto a irresponsabilidade de muitos intelectuais. A sua passividade e até o seu colaboracionismo frente a um regime feroz - fundado em interpretações históricas míticas ou totalmente falaciosas - traduziram-se numa incapacidade gritante para se dedicarem ao estudo da história e para se libertarem do peso do passado. Este livro relança este debate cívico e intelectual e ao mesmo tempo questiona, sem complacências, os vícios e a pobreza que, segundo o autor, imperam hoje nas universidades portuguesas.