A grande preocupação deste livro é tentar perceber as razões do enfraquecimento das organizações partidárias, da falta de identificação dos eleitores com os partidos e os seus militantes. Nele defende-se a tese de que o que está em crise não são os partidos, mas a organização partidária em si. Actualmente assiste-se até ao fortalecimento do papel procedimental dos partidos, acompanhado, contraditoriamente, por uma erosão das suas bases organizativas, o que acaba por minar uma peça chave da sua legitimidade política. Mesmo considerando a correlação de forças interpartidárias e o papel das demais organizações não partidárias na disputa da representação dos interesses colectivos, os partidos estão mais bem colocados para legitimar esta representação de interesses. Dificilmente a democracia sobreviverá sem o regresso dos partidos, de partidos com as suas funções procedimentais actuais, aliadas a uma nova forma de relacionamento político e social com a sociedade de hoje. A sociedade moderna globalizada exige políticos e partidos que saibam pensar, mas, também, saibam fazer uso das emoções com as pessoas à sua volta. Não há democracia sem partidos, mas partidos sem preocupações éticas, emocionais e de cidadania não são garante de uma verdadeira democracia, de uma democracia representativamente participada. Perante este novo conceito que os autores introduzem, os partidos deviam ter como preocupação permanente a interacção sustentada com os movimentos não partidários, de forma a legitimar a democracia representativa.