Entre o desejo por uma democracia e a ausência de memória e justiça, com a repetição de várias estruturas autoritárias, abriu-se um abismo no conhecimentoda história. Quanto mais os anos passavam, quanto mais o Estado declarava estar fazendo o possível pelo desvelar da história, mais se sedimentava acerteza da impunidade e do bloqueio às transformações. Com a astúcia própria à lógica de governo, os sucessivos representantes da sociedade trataram de criar mecanismos bifrontes, capazes de trazerem algum alívio e esperançaaos familiares de vítimas da ditadura, ao mesmo passo em que limitavam ou distanciavam o acesso à história. É deste contexto, durante o qual surgiu a Comissão Nacional da Verdade, que emergiram as reflexões contidas neste livro.