Um espectro rondou e ronda o planalto de Piratininga, algumas de suas várzeas, seus arquivos e sua oligarquia do Espírito, missionária desde 1932: o espectro de Flávio de Carvalho.Como que se condoendo da procissão ameaçada e analisada um ano antes, na Experiência n. 2, papas e cardeais - então em ascensão e depois no comando da santa casa grande da cultura e da academia bandeirante - orientavam e orientam seu séquito de fiéis a ignorar (quando não destruir) o espectro, rasurar-lhe as aparições, reduzi-lo ao idiossincrático, ao episódico, ao extravagante e ao anedótico, para que beatos e cânones de uma oximoresca vanguarda nacional-edificante fossem e sejam estabelecidos e venerados.Mas não se destrói ou se silencia um espectro, sobretudo um espectro impetuoso (e também ubíquo), que emerge cada vez mais incontornável de restos materiais cuja simples existência inviabiliza a história oficial da modernidade artística do século XX brasileiro;são ossos do mundo brevemente, ainda fetiches para um futuro totem - é o que diria o espectro sobre os ossos por meio dos quais ele pode ser psicoetnografado e ativado.Por isso tudo, esta coletânea de ensaios, resíduo de um evento acadêmico a propósito de tais ossos, vem a público substituir o espectro de Flávio de Carvalho por mais espectros de Flávio de Carvalho. A hora errada enfim chegou: gênios do deserto do mundo, uni-vos!