Não quis escrever um método ou um manual. Estou apenas a tentar explicar o que penso, o que sinto, e o que acredito que a arte de escrever é para mim. Alejandro Jodorowsky diz que se fores (ou te sentes) com sorte, se a vida te abençoou com um dom (ou se pensas que o tens), deves partilhá-lo com os outros, e até dar parte dele sem esperar nada em troca. Suponho que o faço através dos meus romances, mas durante anos de palestras em escolas, colégios e universidades em Espanha e na América Latina, a falar sobre este assunto e responder s preocupações daqueles que, de alguma forma, sentem esta chama no seu ser, apercebi-me de que o que mais lhes interessa sobre mim é a forma como escrevo. E responder a esse "como" não é fácil. Por este motivo, tenho de arriscar colocar tudo aqui, ou seja, responder a essa pergunta e "escrever sobre como eu escrevo". Partilhar a minha experiência com outros candidatos a escritor é também uma forma de levar o que mais amo até ao fim, uma vez que não sou, nem me sinto capaz de ser, um mestre, um professor, um académico ou um intelectual para ensinar sobre o divino e o humano da literatura.