A reflexão desenvolvida na presente obra propicia ao leitor um deslocamento das perspectivas, de certo modo confortáveis, da vida moderna, para se pensar o quanto as diversas formas de experiência com o horror fazem parte da vida humana em suas múltiplas dimensões.Quanto existe de homo horrens em cada um de nós? Mais que responder à questão tão complexa, as páginas colocam em evidência um aspecto da condição humana, pouco compreendido, raramente enfrentado e quase nunca assumido enquanto tal: a experiência do horror é parte intrínseca da vida e, mesmo quando se tenta bani-la por algum artifício de racionalidade ou de purificação, ela emerge, manifesta-se, impõe-se e não raramente nos conduz por caminhos tortuosos.O reconhecimento da vivência do horror como parte inerente da vida possibilita a compreensão de alguns fenômenos políticos que ainda nos deixam perplexos pela explícita tragicidade. Manifestações artísticas tais como os Auto-retratos, de Francis Bacon, Miséria, de Käthe Kollwitz, Retirantes, de Candido Portinari, Madre infeliz! (Desastres da guerra), de Goya, são algumas das obras analisadas e denunciam diferentes formas de horror produzidas em contextos sociais e políticos distintos.O deslocamento da obra de arte para a política se faz presente do começo ao fim e proporciona a ampliação da interpretação política, explicitando o quanto o homem político pode ser entendido como a continuação do homem artístico.O leitor é convidado, ou talvez desafiado, a colocar a experiência do horror no centro da problematização da realidade social.