Antes de ter nascido a escrita, a oralidade já nos ajudava a dimensionar o mundo. A tornar mais seguro caminhar nele. Os contos, tal como as lendas, mitos, poemas, são portais para a morada do sonho, e um convite a encontrarmos ressonância, pontos de apoio, colo e deixarmos soltar a imaginação, com os olhos brilhantes e o coração a palpitar como o de uma criança. Os Contos da Floresta são um punhado de estórias de mulheres comuns em vidas épicas. Umas chegam de outros tempos, outras de outras terras, algumas podiam ser nossas vizinhas, amigas, mães. Filhas. São recortes, breves momentos das suas vidas, contados para que permanecesse a memória dos seus passos. E para que, ao mesmo tempo, possamos enroscar-nos no sofá a lê-los enquanto abrimos a nossa gruta interna, onde as personagens ganham vida e nos convidam a descobrir mais sobre nós. Este livro fala-me de mulheres, cada uma única e especial. E, contudo, este livro também me fala de mim, de partes de mim que nem sempre reconheço. Umas contam-me sobre sabedoria, outras sobre inocência;algumas falam de desencanto e outras de amor;outras ainda mostram-me tanto a dor como a capacidade de sonhar Ler as estórias belas e tocantes que a Margarida teceu, é ler sobre ser mulher, sobre o Feminino sempre presente, aquele que por vezes se desvaloriza porque está sempre lá, no corpo, no coração, na alma e que, contudo, não se deixa prender em rótulos nem em explicações, porque pertence ao Mistério. Patrícia Rosa-Mendes
