Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Rui Horta Pereira: É», com curadoria de Nuno Faria, realizada na Fundação Carmona e Costa, de 9 de Janeiro a 20 de Fevereiro de 2016. Em Rui Horta Pereira (RHP) o desenho é, chamámos-lhe assim, um projecto global. E integral. E ininterrupto. Obsessivo, clarividente, irónico, omnisciente e inocente, em simultâneo. Importa dizer que exposição e publicação não são uma e a mesma coisa. Interceptam-se mas não coincidem exactamente, nem participam da mesma lógica de montagem. Há desenhos publicados que não são expostos e há desenhos expostos que não são publicados. As sequências e o alinhamento dos cadernos - em séries, em conjugações temáticas, reunidos por afinidade electiva ou porque sim - procura encontrar os múltiplos fios narrativos, combinações, aproximações, contaminações, subversivas ou ostensivas, que gerem e geram o projecto rizomático que RHP conduz (ou através do qual é conduzido). Reunimos, então, um alargado e diversificado conjunto de desenhos. Desenhos que são forças e modos (de estar, de agir, de pensar, de curar, de sarar, de rir, de revelar, de prever, de projectar, de dar a ver). Compreendidos entre 1993 e 2015, perfazem mais de vinte anos de um percurso cujo aparato (o corpo), o argumento (o esqueleto) e o fôlego (a alma), são tremendos e inauditos (para dizer o mínimo). [Nuno Faria]