A palavra Janelas marca definitivamente o títuloà e a própria obra. Janelas - abertura do interior para o exterior, espaço de comunicação e de oferta, espaço por onde entra a luz e o sol e sai a penumbra que nos envolve. O poeta fez isso mesmo: descerrou a sua penumbra interior para que fluísse para o exterior, que somos todos nós. O regresso a um tempo perdido - a infância - , que é, simultaneamente, o regresso ao seio dos entes que foi perdendo. O poeta sabe que a vida, mais do que os livros, é breve e frágil. Por isso, há que guardar os seus entes queridos e pessoas marcantes no poema, perpetuando-os. Mas também, ao revivificá-los, o poeta reencontra-se, recupera-se a si mesmo, das brumas do tempo. Poesia de lembrança, de reconstrução dos cenários e de cenas, os objectos, os sítios, os pedaços e as coisas são como que a argamassa de que se fazem as palavras, de que se faz o poema.