A educação faz-se no tempo longo, mas é o tempo curto que lhe dá sentido. Foi assim em Abril, quando as nossas vidas tomaram conta da história e nela inscreveram anseios, sonhos e utopias. Nesse dia, o tempo encontrou a sua própria liberdade [...]. A grande diferença entre os tempos de "antes" e "depois" é que, em Abril, tudo nos pareceu possível, ao alcance da nossa vontade, como se o limite estivesse apenas em nós. Esta característica excepcional, rara, é o sinal de distinção de um tempo único da nossa história [...]. Através dos discursos, práticas e memórias docentes, este livro sobre O 25 de Abril e a educação, coordenado por Joaquim Pintassilgo, fala-nos justamente das "possibilidades" que se abriram em Abril. Ao longo de nove capítulos, os seus autores juntam vozes de professores, registos e memórias, utopias e desilusões, devolvendo-nos a riqueza de anos que marcaram, para sempre, o país e as nossas vidas [...]. Acordemos. Enquanto ainda for tempo. Não nos deixemos conformar pelas frases do costume: É a vida..., As coisas são como são..., Sempre foi assim... Abril demonstrou-nos que a história não é uma fatalidade, é uma possibilidade. Há sempre muitos caminhos, ainda que por vezes nos pareçam invisíveis. A história serve para os iluminar. (Excertos do Prefácio de António Sampaio da Nóvoa - No tempo em que tudo era possível)