Boaventura, terra longínqua, emoldurando com grandeza e majestade o norte da minha ilha da Madeira, ergue-se com frequência nos horizontes da minha memória, onde se desenham imagens, se desenrolam histórias e se explicam encontros e partilhas que o avançar dos tempos acabou por fortalecer. Há nomes, há locais, há referências, há histórias que, de tão indeléveis, repousam no mais profundo do nosso espírito, para, de vez em quando, surgirem do silêncio e do apagamento do passado, e nos dizerem, entre afectos e saudades, que fizeram, fazem parte da nossa vida. A evocação, embora datada (a década de 50 do século passado), que o autor faz da sua terra, em pouco ou nada altera o quadro territorial e humano em que as minhas recordações se focalizam: ele expressa ainda, naquela década, as mesmas marcas dum povo, capaz de ultrapassar a agressividade da natureza e o esquecimento social e político a que foi votada durante tantos anos. A impressionante realidade, que palpita em cada uma das páginas, não deixará nenhum dos seus leitores indiferentes. Este livro vale pelo que é, mas vale também pelo que revela do seu autor. (Agostinho Jardim Gonçalves)