O presente estudo incide sobre a questão da assistência religiosa em campanha durante a Primeira Guerra Mundial, quando os governos da novel República defendiam que a religião respeitava somente ao foro privado, devendo estar afastada de instituições primordiais como eram a escola e o exército. Numa conjuntura em que seria difícil para o Estado incorrer no desagrado da maioria da população que não se conformava com a ausência de um representante de Deus na hora suprema da morte, os católicos, bem como a pequena mas dinâmica comunidade protestante, conseguiram ter na frente de batalha, como voluntários, os seus "missionários". No enorme caldeirão da guerra, debateram-se, assim, livres-pensadores que viviam a descrença com um fervor de autênticos crentes, capelães católicos e pregadores protestantes, cada um lutando pela sua verdade. O estudo revela um outro lado da Guerra, com soldados portugueses e soldados ingleses a rezarem em conjunto nos mesmos espaços;capelães portugueses a oficiarem perante populações francesas, em colaboração com o clero local;grupos de leigos franceses a participarem na liturgia ao lado dos combatentes portugueses, levantando para o céu os mesmos cânticos.