Há aqui [em Contos de Gostofrio] uma incontestável denúncia da miséria, de todas as misérias, de uma das mais frustes regiões do nosso país subdesenvolvido [à] mas esse testemunho é envolvido pela mesma nostalgia doirada, pela mesma comunhão com tudo e com todos, de As Pastagens do Céu de um Steinbeck. E isso, longe de se me figurar demérito, aparece-me como virtude de homem e de escritor. Eis como um livro tão voluntariamente localizado, fruto e expressão da experiência tão aderente de simpatia, que permitiu a Bento da Cruz erguer a sua galeria de homens e bichos e, às vezes, de homens-bichos, assim alcança a sua ampla universalidade.