Com a obra A Estátua o autor caracteriza politicamente os anos de 1958 e 59, com o despertar para a cidadania de um grupo de jovens a quem o General Humberto Delgado tocou decisivamente. O despertar para a realidade nua e crua da falta de liberdade de uma juventude que queria mais do que namorar e estudar. A força operária, o sentido de classe das gentes da Covilhã, as suas associações, clubes e cafés, que, sem se aperceberem, moldavam já as suas mentes. A religião católica e a vivência revolucionária de Jesus Cristo iriam ser determinantes nas suas actuações futuras, a par do aparecimento do triunfo da revolução cubana e do seu grande líder, Che Guevara. O encontro com o Partido Comunista Português, com o serrador Zé Pires, as pequenas tarefas revolucionárias, os amores de jovens irrequietos, o padre Carreto, a carta do Bispo do Porto, culminam com as suas prisões pela PIDE. Num discurso simples e directo, trata-se da narrativa dos 40 dias vividos nas masmorras da polícia política, em Coimbra, em particular dos sete dias de tortura. A relação com os agentes da PIDE, o medo, o pânico, a alucinação, o desejo de morrer e de não falar, a tábua de salvação que permitiu não falar, não denunciar, são escritas em palavras de lágrimas, de sangue e de amor. Este livro é baseado em factos reais. Todavia, alguns nomes, por decisão do autor, não correspondem à realidade.