Nas últimas três décadas de Oitocentos Lisboa debateu-se entre a saudade do Passeio Público e o desejo de progresso e civilização, num assomo de imitação dos exemplos que lhe chegavam do exterior. Este desejo de se europeizar estendeu-se pelas duas primeiras décadas do século XX. Por estes anos, surgiu um conjunto de propostas, planos e projectos que, embora pretendendo promover os melhoramentos e o aformoseamento da capital, não chegaram a ser concretizados, ou foram-no apenas parcialmente. Foi o desejo de conseguir, pela acção do homem, transformar de novo Lisboa no caes da Europa que motivou os seus autores - engenheiros, arquitectos e escritores - a realizar uma análise crítica da realidade existente e a propor soluções urbanísticas de carácter mais realista ou mais utópico, que a transformavam numa cidade diferente. Estes projectos assumem uma particular relevância, porque nasceram não como sonhos idealistas e estéreis, mas porque foram encarados como possíveis e capazes de contribuírem para a transformação e o embelezamento da capital.