O cardeal Gianfranco Ravasi é quem nos guia nestas páginas que se propõem estudar o entrelaçamento incandescente entre a religião e a violência. O seu texto desenvolve-se em torno das guerras de Deus, da violência que ostenta uma marca sagrada;presente amiúde no Antigo Testamento, do conflito entre tribos até guerra santa, quase desaparece nos Evangelhos, luz da mensagem explosiva de Cristo. Depois, entra em cena o fundamentalismo, «a letra que mata», um fenómeno que hoje respeita sobretudo ao Islão, mas que se inscreve também na tradição judaico-cristã. Por fim, é abordado o tema, vivo e dilacerante nos nossos dias, da relação com o estrangeiro: um encontro que pode originar exclusão e rejeição, tal como surge em diversos passos bíblicos nacionalistas ou etnocêntricos, mas que também se pode tornar diálogo, abrindo-se ao universalismo da salvação e igualdade de todos os seres humanos.