Sob o influxo da celebração dos 100 anos do Orpheu, a Editora Edições Esgotadas edita a presença da poetisa Judith Teixeira, agora revisitada por Martim de Gouveia e Sousa na sua Lírica. É intenção do organizador da obra "mostrar a fisicidade da escrita de Judith Teixeira na sua plenitude, inteiramente. Abrindo caminho, rompendo as peregrinas trevas do desinvestimento afetivo, a autora liberta-se nestas páginas que são corporalidade e fogo poético." Nesta obra encontram-se reunidos, os poemas de "Decadência", na sua 6ª edição, "Castelo de Sombras", na sua 4ª edição e "Núa", 3ª edição, bem como um conjunto dos seus Poemas dispersos, de traduções e versões. Sobre Judith Teixeira: Natural de Viseu, Judith Teixeira nasceu em 1880 e morreu em 1959. Apesar de ter começado a escrever na adolescência, o seu primeiro livro "Decadência" saiu em fevereiro de 1923, tendo sido apreendido pelo Governo Civil de Lisboa. Em junho do mesmo ano, Judith publicou "Castelo de Sombras" e, a seguir, em dezembro, resolveu editar novamente "Decadência". Editou e dirigiu a revista "Europa" e publicou o livro "Nua". Marcelo Caetano escreveu, no jornal "Ordem Nova", que tinham aparecido nas livrarias uns livros obscenos, apelidando Judith de desavergonhada. Depois de enxovalhada publicamente, ridicularizada, apelidada de lésbica e caricaturada em revistas, defendeu-se e contra atacou na conferência "De Mim", cujo texto se apressou a editar. Sete meses depois, publicou "Satânia", enfrentando tudo e todos. Em 1928, publicou o "Poemeto das Sombras" na revista "Terras de Portugal" e, depois disso, totalmente esmagada pela moral vigente, esta poetisa vanguardista viu-se sentenciada de "morte artística" pela mão de José Régio.