Corajoso na opção pelo soneto, forma poética destronada do altar da poesia pelas múltiplas experiências, nem sempre consistentes, germinadas desde a segunda metade do século XX até aos nossos dias, sem fim à vista, tal a confusão gerada por uma omnipresente liberdade de criação literária sem quaisquer referências, o poeta brinca com o espartilho da rigidez métrica do soneto, para dialogar livremente com a pessoa amada, oferecendo toda a seiva poética a uma entidade exterior a si, recusando, deste modo, um certo narcisismo despudorado, ao optar por aquele em que mostrar o amor a outrem é também mostrar-se a si próprio. Mas, para provar que o soneto não é refúgio do artista, mas sim prova de génio, o poeta envereda também pela liberdade da forma, servida por uma maior mescla temática. O poeta prova, assim, ser inteiro.