O Artista falaà é o nome da entrevista de fundo que o Atelier-Museu fez ao pintor Júlio Pomar, no decorrer dos dois últimos anos, desde a abertura do museu monográfico dedicado à sua obra em Abril de 2013. Esta longa conversa estendeu-se por lugares e tempos diversificados, em almoços, cafés, ou visitas ao museu, e pretende trazer a público a fala própria do artista, a sua voz. Não há mais razão nenhuma aparente para um quadro esperar dez anos até que volte a ele [risos]? Os tempos envolvidos na criação são difíceis de explicar. Quando a Menez era viva, e ela e a Paula [Rego] iam ao meu atelier, tinham uma conversa que se passava mais ou menos nestes termos: uma dizia «Como é que fizeste isto? Está tão bem». E eu respondia «Olha que isso ainda não está». Então, a outra dizia-me «Não está? Estás parvo?». Acabava quase sempre assim. O remate dependia de quem começava a conversa. Diferentes olhares, diferentes tempos, várias percepções do acto criativo e do resultado. Fazem-me muita falta essas conversas. [Júlio Pomar, in O Artista Falaà]