Entre Palavras. Frequentemente, é assim que nos encontramos: entre duas ou mais palavras, aquelas que ouvimos e as que dissemos;aquelas que não ouvimos mas que sabemos estarem lá, e aquelas que não dissemos, mas que o outro sabe estarem cá. As palavras, entre o muito que são, e que, quase mais que qualquer outra coisa, nos distinguem entre o resto da Criação, são armas mortíferas, por meio das quais assassinamos impunemente;mas são também salvadoras, correntes que podem reerguer-nos de lá do fundo do poço. Aqui, nas palavras do poeta, as palavras surgem-nos como substitutas das armas, das bombas, das rajadas - canos de escape por onde o poeta expele a lava do seu vulcão. O homem comum, o cidadão sem palavra, o mortal entregue à sua condição, o simples, o destituído de poder - o povo, enfim - têm aqui a palavra, porque, ao lerem cada estrofe, cada poema, podem encher-se de brios e dizer: ôIsto, sim, é o que eu penso deles!ö