Houve um tempo em que toda a comunidade vivia esse momento único na vida de um rapaz, o da súbita descoberta da sua condição de homem, ao qual dedicava mesmo uma festa, porque sabedora que era importante domar as inóspitas e selvagens erupções que inundavam o corpo masculino, que só resguardado pelos seus pares mais velhos poderia entrar no carreiro do bem e da manutenção dos valores comuns. Quanto às raparigas, confinadas à segurança proporcionada pela lareira paterna e pela vigília das línguas do soalheiro, a sua passagem para a idade da razão parecia envolver menos riscos. Portanto, ficavam de fora da festa, à espera que da crisálida nascesse um companheiro sério. Em Caretos e Farandulas, rapazes e raparigas formam dois exércitos contendores que, no fim da batalha, descobrirão que a razão nunca pertence a um só dos lados nem é troféu que justifique a quebra da harmonia e da paz.