Este livro é sobre a cultura da escuta na literatura portuguesa. Objeto de análise são não só as relações de intertextualidade entre música e literatura, mas também a relevância do universo sonoro em sentido lato na escrita literária. A cultura da escuta implica ainda o que está para além do som: os contextos de interação para os quais ele nos remete, as interpelações que nos faz, a atenção que nos suscita, ou até a aparente indiferença com que o percecionamos. Tornar audível ou inaudível não é socialmente menos relevante do que tornar visível ou invisível. Pelo contrário: nas relações intersubjetivas, bem como entre ser humano e natureza, ou do sujeito consigo próprio, a escuta teve sempre um papel determinante.