Amato Lusitano pertence à galeria dos médicos portugueses de origem judaica que, compelidos a abandonar o País por via da intolerância e das perseguições étnico-religiosas de então, fizeram no estrangeiro brilhar bem alto o nível da medicina lusa, tratando reis, Papas e a nobreza europeia. Tendo nascido em Castelo Branco, em 1511, estudou Artes e Medicina em Salamanca, uma das mais prestigiadas universidades da época. Regressado a Portugal, sob a iminência da instalação da Inquisição joanina fugiu para Antuérpia, à semelhança de muitos outros judeus portuguêses. Depois, sempre por razões da sua origem e fé matriciais, tornou-se um judeu errante´. Refugiou-se em Ferrara, Ancona, Pesaro e Ragusa, mas terminaria os seus dias em Salónica, então sob domínio do Império Otomano, onde os judeus eram bem acolhidos e podiam praticar livremente a sua religião. Foi um brilhante e empenhado médico humanista - "um dos maiores clínicos portugueses de sempre", no dizer do historiador Joaquim Veríssimo Serrão. Deixou obra escrita de grande envergadura e saber: "Com as suas Sete Centúrias de Curas Medicinais estabeleceu o nível mais alto de medicina clínica experimental e filosófica do século XVI" (Boris Catz).