Durante o Estado Novo, a propaganda oficial louvava os municípios, no entanto, a actuação do regime coarctava a capacidade do poder local. A tradição de arbitrariedades que as elites locais praticaram em diversos períodos históricos ganhou novo impulso com o carácter autoritário do Estado Corporativo. Os pequenos municípios rurais, instrumento do aparelho repressivo salazarista, aliados ao poder religioso, tiveram papel relevante na promoção da obediência como um dever e condição para se viver em paz. O presente trabalho pretende ser uma contribuição para um melhor conhecimento da actividade do município de Pampilhosa da Serra durante o salazarismo e de que modo, num meio envolvente rude e pobre, isso contribuiu para a consolidação do regime. Além disso, procura dar a conhecer como o município pampilhosense exercia a função de administrar a pobreza no seu território e a vigilância e controle das populações no concelho. Neste estudo serão focados, ainda, os comportamentos das elites e estratos opositores ao poder instituído, nomeadamente o da maçonaria.