A Memória Inédita acerca do edifício monumental da Batalha, objeto central desta publicação e da introdução crítica que constitui parte essencial deste projeto editorial, foi escrita por Luís da Silva Mousinho de Albuquerque (1792-1846). Trata-se do engenheiro militar que, entre 1840 e 1843, foi encarregado de restaurar o Mosteiro da Batalha, aquele que constituiu o primeiro caso de restauro monumental em Portugal. Esta circunstância particular, aliada qualidade e relevância dos conteúdos da Memória Inédita , tornam a pequena publicação, datada de 1854, num documento ainda mais significativo e incontornável no seu âmbito. Nele, Mousinho de Albuquerque imortaliza o testemunho das obras que foram feitas no monumento e dos critérios que foram seguidos, explicando com algum detalhe as razões que o levaram a seguir determinadas opções, circunstân cia que nos permite ter acesso aos seus pensamentos numa matéria muito pertinente para a época, a conservação e o restauro de monumentos, na qual a Europa se encontrava a dar os primeiros passos. O texto constitui, assim, um testemunho raro, dado na primeira pessoa, sobre o projeto de intervenção que estava a ser executado num monumento de reconhecido valor nacional e internacional, o Mosteiro da Batalha, onde são antecipados alguns dos princípios basilares que viriam a estrutu rar as teorias do "restauro estilístico" do arquiteto francês Viollet-le-Duc, e do "restauro histórico" do arquiteto italiano Luca Beltrami