«O autor era furriel miliciano nos anos 1967/69, tendo sido mobilizado para Timor, já casado e com uma filha. Não estava minimamente preparado para o contacto com uma cultura e um território situados praticamente nos antípodas, nem sequer para montar a cavalo, pois nem tinha sido preparado na Arma de Cavalaria. É esse choque que nos descreve, impregnado de um certo pessimismo, mas também de muito afeto, face a usos e costumes que lhes eram totalmente desconhecidos. Foram 26 meses nas montanhas timorenses, na raia com a Indonésia, num grande isolamento, num mundo onde a Natureza era a rainha e a deslocação por veredas e picadas só era possível a pé ou a cavalo. Ele, apoiado apenas por duas ou três praças metropolitanas, seis cavalos pequenos e tropa de 2.ª linha (à) Ao ler e reler a presente obra, um olhar bem singular e inédito na nossa colecção, recordei parte da minha infância na serra de Montejunto, na região Oeste, em Portugal, onde as crianças também não tinham brinquedos, mas improvisavam, e também muitas ajudavam os pais na pastorícia. Igualmente, os agricultores viviam uma economia de subsistência, onde só a vinha e o vinho permitiam algum dinheiro para compras de vestuário e alfaias em feiras, o correspondente aos bazares em Timor (à) No final do nosso império, muitos dos nossos militares encontraram culturas diferentes, mas condições de vida não tão diferentes das que viviam por cá (à)»