Surpreendente, este novo livro de Chito Rodrigues. Aflorando, não bem ao de leve mas sem insistência marcada, temáticas desenvolvidas em conjuntos poemáticos anteriores (Segredos da Guerra e da Paz, Geração, Há Sempre Um Vapor Acostado Ao Cais, Pedaços de Alguém), o recente agregado versificado substancia outras abordagens, de articulação ramificada, que se espraiam num discurso formal que, ao acaso, faz do verso quase prosa e da quase prosa autêntico verso, mas ambas as operações com naturalidade levadas a efeito alicerçadas em polivalentes conteúdos;e em discurso aquele que constitui linha de partida para expressiva explanação de cativantes modulações linguísticas. Na verdade e para o autor, o poeta "tem sempre algo a dizer de si-próprio e do mundo que o rodeia." Com dedicatória À VIDA (que curioso referente!) e singrando por "horizontes claros" (ideário que formaliza uma espécie de arte poética), todas as páginas do livro se animizam, pois, e como escreve o poeta, "este livro é um narrador do que a poesia teve em vista." Original asserção que define e acentua com todas as múltiplas forças (anímicas, espirituais, patrióticas e enfim e até residuais, no contexto da dinâmica discursiva) que, como um eixo transversal à organização intrínseca do delineamento do percurso vivenciado por todo o livro, alumiam o encontro entre o terreno/real e o transcendente.