Militar, pensador, estadista, consensualmente considerado o ideólogo do Movimento dos Capitães, Ernesto Melo Antunes (1933-1999) é uma figura determinante da transição democrática portuguesa. Com um passado de militância antifascista, esteve na primeira linha do processo de decisão política nos anos de 1974-1976. Membro da Comissão Coordenadora do MFA e, posteriormente, do Conselho da Revolução, integra, enquanto ministro, os II, III, IV e VI Governos Provisórios. O seu nome é indissociável de alguns dos dossiers mais polémicos do período (como sejam o da descolonização ou o do Programa de Política Económica e Social), mas também de momentos centrais da revolução, nomeadamente o Verão Quente de 1975 (enquanto autor do Documento dos Nove) ou o 25 de Novembro. Ainda que numa posição mais discreta, desenvolverá uma intensa actividade no período da consolidação democrática. Primeiro, como presidente da Comissão Constitucional (antecessora do Tribunal Constitucional) e conselheiro do Presidente da República, António Ramalho Eanes. Nomeado conselheiro de Estado na sequência da extinção do Conselho da Revolução, voltará a exercer o cargo, nos anos 1990, no decurso da presidência de Jorge Sampaio. Granjeando um amplo reconhecimento nacional e internacional pela acção que desenvolvera enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, foi também consultor e subdirector-geral da UNESCO (1984-1988).