Não há heróis sem medo. A heroicidade não se mede pelo número de adversários mortos. Há outra heroicidade na capacidade de guardar, no meio da tragédia que é a guerra, um profundo sentido de humanidade, de solidariedade, de ausência total de racismo. Há uma outra heroicidade na capacidade de não deixar que o medo abafe a noção de que em ambos os lados de uma arma estão seres humanos. É dessa heroicidade e desse medo que aqui se fala. É, sobretudo, no dizer do autor, uma homenagem a uma geração de portugueses extremamente sacrificada, em nome de um conceito de Pátria nela inculcado, que, todavia não discutiram. Os Heróis e o Medo é um testemunho vigoroso de um período conturbado da vida portuguesa, vivido e sentido pelo autor.