A matriz literária do pensamento de Ferreira de Castro está explicita nos seus livros, do juvenil Criminoso por Ambição (1916) ao evocativo Os Fragmentos (1974). Percebê-la, enquadrando a acção cívica do escritor oposicionista ao Estado Novo, é o propósito deste breve estudo. Não era fácil ser-se escritor nesse tempo extremado. Não o era sequer para os da «situação», embora estes não vislumbrassem um horizonte de provável gaveta e possível prisão, como sucedia aos demais. Ser da oposição, mas nela independente - como foi o caso do autor de A Selva -, só era suportável tendo um peso literário e uma influência pública que pusesse ao abrigo das grandes intolerâncias e das pequenas velhacarias aqueles poucos não-arregimentados que disso faziam condição de existência.