Esta farsa - obra em que Gil Vicente se serve, pela primeira vez, do Português na feitura de um auto - estrutura-se na relação de poder amo/criados, estes últimos normalmente cúmplices dos desvairados amores de seus amos. A acção, recheada de personagens-tipo (escudeiro, criado, velha e filho) estratificadas socialmente - identificáveis pelo vestuário, pela linguagem e pelos gestos - decorre num só dia (manhã, noite, madrugada) e aponta para a sua ocorrência no princípio do Verão, precisamente quando há farelos no mercado.