Família e política pública - dois temas complexos e polêmicos - guardam riscos sociais, tanto internos como em suas relações. Maiores para a população mais pobre e vulnerável. Um grupo de pesquisadoras, experientes no trabalho com essas duas temáticas, uniu-se aqui para apresentá-los claramente, com aparecem no caso das políticas de Assistência Social e de Saúde. Nelas apontou, por exemplo, na família, a culpabilização por seus problemas sociais e psicológicos e a atribuição de um papel histórico de instituição-braço terceirizado do Estado. Arriscaria seu fundamento na cidadania, ao secundarizar a responsabilidade estatal quanto ao direito de todos nós a lugares calorosos, de amparo, cuidado e amor. Neste momento, marcado pelos dez anos de criação do SUAS, um livro que alimenta a crítica necessária, sem o pessimismo ingênuo e reducionista, é muito bem-vindo para chamar conversações interdisciplinares. Sem qualquer enaltecimento da vida privada, deixo uma provocação: em lugar do "familismo", por que não a ética e a estética do cuidado? Não deixemos esta busca esmorecer.