Em um livro conciso e claro, Francis Manzoni narra com precisão a história de uma das mais importantes instituições culturais do Brasil contemporâneo. Ele reconstrói as interações dos agentes políticos, administrativos e artísticos, as correntes de ideias e as controvérsias que atravessaram e presidiram a criação e os primeiros anos do Centro Cultural de São Paulo. Mas este livro também propõe uma história mais ambiciosa. Ele mostra que, do projeto à criação, esse centro cultural não é apenas uma inovação arquitetônica e cultural, mas está enraizado nos profundos movimentos da política brasileira nos anos 1970 e 1980, e procura encarnar um novo impulso, um Brasil moderno capaz de competir com as outras grandes nações. Daí a referência ao Centro Beaubourg, em Paris, que também encarnou uma nova concepção de cultura e modernidade na França, em um contexto político bem diferente. Como às vezes acontece, a cultura, através dessa nova instalação, foi encarregada de apesentar uma nova visão do país em relação à evolução do mundo. A força deste projeto, com sua beleza e suas qualidades funcionais, como mostra brilhantemente Francis Manzoni, reside em apresentar uma visão do Brasil adaptada ao retorno à democracia, alguns anos mais tarde.Philippe UrfalinoDiretor de ensino e pesquisa EHESS/CNRS