Este livro analisa o mercado creditício da Bahia e o seu nível de liquidez, enfatizando a importância do crédito para a retomada da economia baiana de exportação no período compreendido entre 1777 a 1808. Identifica também o perfil dos agentes que viabilizaram este financiamento, destacando os principais negociantes da praça comercial da Bahia. Estes indivíduos induziram o estabelecimento de mecanismos políticos capazes de reduzir a concorrência de algumas instituições no mercado creditício da Bahia no final do período colonial. A estratégia adotada pela alta elite econômica baiana permitiu investir, cada vez mais, e com liberdade, na atividade creditícia local, constituindo-se em um dos principais fatores endógenos para explicar a retomada da produção açucareira e a alavancagem de demais culturas de exportação da Bahia no período. Esta pesquisa também relativiza uma vinculação tácita corrente na historiografia entre atividade creditícia e escassez monetária, demonstrando que a referida exiguidade de moedas não era uma característica de ordem estrutural mas, sim, conjuntural. Na Bahia do final do período colonial não havia escassez monetária, e sim uma crescente manipulação artificial desta escassez e do crédito, praticada pelos negociantes da praça mercantil da Bahia através do controle da política de fornecimento de crédito, promovendo uma hiperconcentração de moeda e de crédito sob sua posse e controle. Deste modo, o crédito e a moeda circularam de modos distintos nos diferentes segmentos sociais.