Este livro mostra que é impossível apreender o legado deixado pela Revolução Francesa sem levar em consideração o que fizeram dele autores do século XIX como François Guizot e Alexis de Tocqueville. Em uma época em que a própria legitimidade da Revolução ainda estava em disputa, Guizot e Tocqueville souberam inscrever esse disruptivo evento na História de longa duração, fazendo-o reatar com a cadeia temporal que ele acreditava ter rompido. Por meio desse esforço intelectual, esses autores do século XIX legaram para a posteridade, como este livro sugere, dimensões distintas da Revolução Francesa. Guizot cristalizou uma visão otimista sobre o papel da Revolução na História, mas nunca se conciliou com suas bandeiras explícitas, a começar pela da soberania do povo. Tocqueville, por sua vez, consolida uma visão crítica sobre a \"obra\" da Revolução Francesa, mas não rejeita como seu professor a soberania popular, procurando, antes, reformulá-la. É impossível situar-se no mundo moderno aberto pela Revolução Francesa sem fazer o adequado balanço dessas diferentes dimensões de sua recepção no século XIX.