"«Esta obra de António Freitas Africano [...] constitui um espaço de transacção entre os bons princípios da neo-escolástica e a conveniência e a oportunidade da política prática. Se, por um lado, enumera as funções ditas soberanas daquilo a que chamamos Estado, a que continua a dar o belo e romano nome de ""república"", e não deixa de considerar que esta é feita de cidadãos [...], por outro procura justificar o poder estabelecido da monarquia hereditária e católica, numa linguagem de apelo ""ao teatro de virtudes de um Príncipe"", de acordo com a técnica escolástica dos regimes de príncipes, sempre em dialéctica com as concorrenciais literaturas da Razão de Estado, que já apontavam para o que viria a ser o absolutismo.[...] A obra é um bom exemplo do teológico - político bem correcto para a época e das circunstâncias portuguesas, ainda indecisas, num discurso oficioso e justificador do poder estabelecido onde os próprios autores são meras vozes que pronunciam comedidamente o cinzentismo da prudências de tal prática regalista em que se iam enredando os sonhos libertadores do 1º de Dezembro.»"