O Baú dos Papelinhos de Dona Inácia, Prazeira de Manica é uma revisitação ficcionada da fase final do colonialismo português em Moçambique, através da construção da vida de Inácia, mulher determinada, independente, corajosa, leitora obsessiva de tudo o que podia, assim minimizando o isolamento do mundo em que a colónia vivia. Inácia, mulher muito frente do seu tempo, nunca poderia ter existido naquele Moçambique, naquele tempo, mas se o pudesse teria sido como a neta, Carolina, a imaginou, ao narrar a sua vida a partir do acervo dosescritos em papelinhos soltos, deitados pela avó, ao longo de cinquenta anos, para dentro do baú de chanfuta. Chegada a Lourenço Marques em 1926, para casar por fotografia, assim procurando fugir miséria e vida sem horizontes a que em Portugal estava destinada, Inácia vive os primeiros anos na capital, depois no Xai-Xai, mais tarde em Manica, onde se torna dona de uma farme e ganha o título de Prazeira de Manica, regressando ao pais onde nascera, mas que deixara de ser o seu, em 1975.