Catálogo publicado por ocasião da exposição «Oracular Spectacular: Desenho e animismo», de Daniel Barroca, Rui Chafes, Alexandre Conefrey, Mattia Denisse, Otelo Fabião, Jorge Feijão, Rui Moreira, Pedro A.H. Paixão, Gonçalo Pena, António Poppe, Paulo Serra, Thierry Simões [24 de Janeiro 2015 - 5 de Abril 2015, na Plataforma das Artes e da Criatividade / CIAJG, Guimarães], produzida pelo Centro Internacional das Artes José de Guimarães. Reenviando para o título da exposição, familiar a um alargado conjunto de pessoas por ser o título de um álbum de uma conhecida banda de música pop, mas de certa forma misterioso na formulação e na terminologia, procuramos relevar o cariz ou a natureza propiciatória, divinatória do desenho, que é tributário, por um lado, da rapidez, leveza e intuição, capacidades aliadas ao inconsciente, e, por outro lado, da minúcia, qualidade de pormenorização e de ordenação que, indiscutivelmente, possibilita. Assim, o desafio foi de revelar o modo particular como, num conjunto amplo de universos artísticos, se processa, se formula o momento antes de mostrar, antes de fixar a forma ou a figura. No fundo, fazer aceder o espectador ao círculo que delimita o território interdito do ritual, o espaço do sagrado e do segredo do fazer artístico do qual o desenho participa. Oracular Spectacular convoca e faz conviver aparições, fantasmas, esconjurações, ocultações, camadas temporais e semânticas, corpos sem forma e formas sem corpo, cantos, orações e meditações, o ar e a terra, entidades humanas, vegetais e animais, num mesmo plano de significação. [Nuno Faria] O desenho provém das zonas mais íntimas e luminosas de um artista, aquelas que o acompanham sempre e das quais ele não poderá fugir nunca. O desenho é uma linha contínua, permanente em toda a caminhada que um artista faz através do Mundo. É uma escrita de fogo, frágil e irredutível ao mesmo tempo. Para qualquer artista, é a linha mais curta entre a cabeça e a mão, entre o coração e a alma: é, sem dúvida, o trabalho mais íntimo de um artista. São estas frágeis linhas que são capazes de instaurar as mais profundas sombras neste mesmo Mundo. [Rui Chafes]