D. Pedro Afonso, terceiro Conde de Barcelos (c.1285-1354), filho primogénito natural de El-Rei D. Dinis de Portugal, é das figuras a um tempo mais ilustres e mais obscuras da cultura medieval portuguesa. Foi-lhe há muito reconhecida a paternidade de duas extensas e relevantes compilações: um nobiliário,que influenciou de forma decisiva a produção genealógica peninsular dos séculos seguintes, e um cancioneiro trovadoresco, que permitiu a preservação do acervo poético da manifestação lírica cortês galego-portuguesa, então já em declínio. Obras nascidas de uma actividade de recolha a que os eruditos e estudiosos não parecem ter dado importância suficiente para se interrogarem sobre o sentido que fazia, ou poderia fazer, um tal afã compilatório em âmbito aristocrático peninsular ao avizinharem-se os meados do século XIV