Numa poesia da vida em singela, mas bela e trabalhada abordagem, o sujeito poético observa o correr do tempo de forma incomum, enxergando em cada passo pelo mundo o extraordinário, apresentado num discurso de 1.ª pessoa onde o eu é o emissor desta enunciação discursiva em constante comunicação com um tu - o receptor. A sensualidade e o misticismo de uma paixão aparentemente terrena patenteia-se num fascínio afirmativo, mas determinantemente idealizado: "Só por ti afugento o inferno / para bracejar nadando nos rios da lua". Com ânsia, amargura ou deleite nos espraiamos no poder expressivo e exuberante da poesia de Vóny Ferreira. Nela ouvimos a voz que vem de dentro da sua lírica guiando-nos ao um-outro que se constrói incerto de significações em cada um dos seus textos e onde acabamos sendo nós mesmos.