A poesia de Linhas Incertas tem uma força imagética que nos roça a pele e penetra a carne, uma magnitude que, poesia dentro, se faz a cada verso mais crua, mais real. A presença de predadores na esquina dos desprevenidos, dos simples e dos desprotegidos! Da passividade à actividade, o sujeito da enunciação instiga "Crentes do nada, do vazio, levantai a cruz,/que a morte cala todos os dias..." em " Sexta-feira Santa";as palavras oferecem-se à partilha da dor: "Sou um pedaço de carne/que atiram aos cães", em "Retirem-me estes cadeados".