O autor prestou serviço militar no exército por imposição perto de quatro anos e meio, dos quais vinte e oito meses em Angola, entre 1961-1964. No decurso da sua permanência naquela antiga colónia tirou mais de meio milhar de fotografias e escreveu um Diário com mais de trezentas páginas. Foi com base nessa documentação, acrescida de numerosa correspondência por si enviada a certos familiares e amigos, que a guardaram e lha ofereceram, que pôde elaborar o presente trabalho. No seu livro discorre sobre o ambiente social em Campo Maior, sua vila natal, fala das semanas de tensão que antecederam o embarque e, sobretudo, do que observou nas andanças pelo território angolano. Ao longo da narração refere-se com alguma demora às terras férteis do Amboim e ao território semi-desértico a norte de Malange, junto à fronteira com a actual República Democrática do Congo, áreas onde naquele tempo a guerra ainda não se estendera. Todavia é sobre as suas frequentes deambulações pela zona onde a guerrilha se travou com maior intensidade - a região montanhosa dos Dembos - interrompidas por curtas estadias em Luanda, que a narrativa mais se alonga. Ali descreve os pesados sacrifícios exigidos, durante perto de um ano, a centenas de jovens que como ele sofreram as emboscadas e os confrontos com os rebeldes nas picadas e matas dos morros vizinhos de Quicabo, Balacende e Fazenda Beira Baixa.