O azulejo foi, nos últimos cinco séculos, o material de suporte mais utilizado nas artes decorativas portuguesas. Barato, resistente, capaz de manter, sem deterioração, a riqueza cromática, transportou até aos nossos dias um vasto e precioso testemunho sobre o passado. Hábitos, lendas, acontecimentos e personagens históricas, tudo isso se pode encontrar, quer nos grandiosos painéis que revestem igrejas e palácios, quer nos simples registos das fachadas dos prédios. É dentro deste contexto que a azulejaria portuguesa dedicada a São João de Deus deve ser entendida. Azulejaria que se encontra sobretudo nos edifícios da Ordem ou em Instituições de Assistência. No seu conjunto constitui um mostruário riquíssimo da iconografia do Santo - tal como esta ficou definida no século XVII - e dos atributos que invariavelmente o acompanham - a cruz, a romã, o escapulário e a sacola. A publicação deste livro é, por isso, fundamental para a história da azulejaria em Portugal, na medida em que nos dá a conhecer o vasto leque da azulejaria joandeina existente em território nacional e em grande parte ainda desconhecida.