Como já Platão afirmou, os mitos são veículos de grandes verdades. Se por vezes se qualifica a Mitologia como um modo ingénuo e supersticioso de pensamento e narrativa, é porque, regra geral, se perderam as chaves interpretativas para descodificar os profundos conceitos ou os factos arcaicos - se não mesmo as coordenadas eternas de imensas realidades cosmogónicas e psicológicas - que neles se involucravam. Facultar algumas dessas chaves, ou pelo menos exemplificar a sua utilização, e ajudar a restaurar a importância e a sabedoria da linguagem simbólica, é o objectivo deste livro, que reúne uma série de textos variados da autora. Eles não se cingem a uma área geográfica ou temporalmente limitada. Mencionam, comparam, coligam e sintetizam tradições das mais diferentes épocas e regiões terrestres. Desse modo, representam um contributo para justificar e demonstrar a realidade de uma origem comum de numerosos mitos e tradições religiosos, para realçar a identidade fundamental dos seus significados e de todo um vasto conhecimento que foi outrora, e por longas eras, património comum da humanidade, e para aludir a algumas das magnas verdades que se ensinavam e representavam nos Mistérios.