Não deixa de ser notável que a autora consiga de um modo tão eficaz ligar ruas, espaços, escadas, janelas, soleiras, vultos esquivos que se movem à noite, envoltos em halos de luz, mas com o aviso do tempo sempre presente, fustigado em cada criação poética. Tempo e luz, acção e claridade apresentam-se quase sempre, na poesia de Catarina Costa, como uma dialéctica necessária ao poema. Será por isso que diz: «Os espaços, os objectos, o próprio horizonte estão dentro da nebulosidade própria de uma época e só os reconhecemos pelo hábito de darmos forma ao que nos rodeia